domingo, 15 de agosto de 2010

Escute

Escute,
O tempo passa, o carro passa,
E de passagem a vida vai,
E se pode até escutar o ranger dos anos.
Então, escute,
Entre a porta e a fumaça da casa que queima,
Farfalha as folhas de velhas escritas
Que jogamos fora, para o futuro,
Os móveis estão gravados, escute...
São palavras, sussurros do tempo,
Ditas antes de compreendermos as vozes do silêncio,
(Que não ouvimos mais...)
Escute,
As folhas do outono caem sem barulho,
Caem as pálpebras, os desejos,
Invernos inteiros esfriam as asas dos aviões,
Que caem,
E os homens vão, meio sem jeito,
Olhando patéticos os minutos passarem.
Por favor, escute,
Como se fosse o último dos sons,
A eternidade, sábia, vai e vem,
Como as linhas férreas
Cicatrizando a terra; e passa,
Num adeus pela janela ao universo.
E nós, perenes,
Passamos sem saber dos longínquos Deuses do Olimpo,
Sem saber do distante Deus da nossa infância,
Sem escutar o tilintar das luzes no céu,
Sem ouvir as ocultas palavras do amor.
Escute,
Tua voz, e a minha, nos chama...

Nenhum comentário: