sábado, 28 de agosto de 2010

EGDV

Estavam todos aqui no bar
Colegas e amigos
Alguns tantos desconhecidos
Estava bem cheio este lugar

O churrasco correu solto
A Rose trouxe kafta, O Evandro linguiça e carne
O Marquinhos trouxe ele mesmo e saiu tarde
Estava todo mundo meio torto

O Marcão até que não ficou tão mal
A Thereza, Orlando e Edson ajudaram na churrasqueira
O Mike rachou o pé da goiabeira
O Luiz ficou enchendo o saco atrás de sal

Acho que eu deveria agradecer por este dia
Tão poucos tem tanto
Mas meu coração, entretanto
Só pensou naquela pessoa que não viria

Não pude ver as luzes de tanta gente
Só queria o brilho dos seus olhos iluminando meu ser
Só queria seu abraço me desenjando um futuro, que não vou ter
Só queria mesmo sua presença, unicamente...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

FELIZ ANIVERSÁRIO


Feliz aniversário meu amigo
Mesmo assim, meio sem jeito
Mesmo sem querer te-lo feito
Que a paz seja contigo

È um dia especial, queira ou não queira
Seus amigos vão te ligar
Pessoas que você mal vê vão querer falar
Ainda que você deseje só estar de bobeira

Não te perturbe, é só um dia
Amanhã nem se lembrarão
Você poderá voltar a sua solidão
E à vida sem sentido, vazia...

domingo, 22 de agosto de 2010

Só pensar


Já passa da meia noite amor
Não quero dormir
Não quero sentir
É tanta dor

Existir é tão patético agora
Não faz sentido
Não há motivo
Não há nada lá fora

Uma borboleta entrou no bar
Pousou em uma cadeira
Descansou e, meia faceira,
Deu de asas e voltou ao ar

Como você vidinha
Entrou em meu coração
Deixou uma triste canção
E se foi, largando minha alma sózinha

Porisso não quero deitar
Prefiro olhar o vazio
Mesmo com esse frio
Pensar em você, só pensar...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Revelia


A saudade parece um pássaro sem rumo
Uma ave triste, sem ninho
Ou pobre menininho
Sem amigos, brincando sozinho

È triste sentir saudade
Dói o peito, o coração
A mente entra em turbilhão
Vendo a realidade desabrigar a ilusão

O mundo inteiro é só vazio
E o amor que tanto se queria
Hoje é só uma sombra de alegria
Que a saudade traz a nossa revelia

domingo, 15 de agosto de 2010

Vago Aceno

Eu estou tão triste
Por que meu amor, se briga?
Para que meu sonho, tanta intriga?
Se sem você minha vida não existe?

E esta mágoa me rasga
Arranca de mim tudo que eu te disse
De mal, em gritos, de dedo em riste!
...Esta amargura me engasga.

Eu não quis dizer palavras duras
Tudo que falei eu não sentia
Enquanto te xingava eu me agredia
Segurando minhas mãos que imploravam as suas

Acredite amor
Eu nada mais quero
Do mundo, de tudo, eu nada mais espero
Do que um simples, mesmo vago
Aceno de perdão

Os girassois já morreram

Os girassóis já morreram,
Imensas planícies inundam de nada
O final da tua vista,
Montes de lixo escorregam ao sabor dos ventos,
Que vão para o oeste juntarem-se ao crepúsculo
Nos campos da morte.
Os girassóis já morreram,
Jáz em terra infértil suas sementes,
Seus sêmens, suas mentes separadas.
Postes de cimento são cruzes sem crença,
À lhes marcarem as tumbas asfálticas,
Em que deitam, desesperadas, suas últimas folhas.
Os girassóis já morreram,
E morreram com eles nossas glórias,
A cidade e sua glória,
A guerra e sua glória,
E todas as inglórias glórias dos homens sem nome,
Que já morreram também.
Os girassóis já morreram,
E além de você,
Não existe mais vida...

Escute

Escute,
O tempo passa, o carro passa,
E de passagem a vida vai,
E se pode até escutar o ranger dos anos.
Então, escute,
Entre a porta e a fumaça da casa que queima,
Farfalha as folhas de velhas escritas
Que jogamos fora, para o futuro,
Os móveis estão gravados, escute...
São palavras, sussurros do tempo,
Ditas antes de compreendermos as vozes do silêncio,
(Que não ouvimos mais...)
Escute,
As folhas do outono caem sem barulho,
Caem as pálpebras, os desejos,
Invernos inteiros esfriam as asas dos aviões,
Que caem,
E os homens vão, meio sem jeito,
Olhando patéticos os minutos passarem.
Por favor, escute,
Como se fosse o último dos sons,
A eternidade, sábia, vai e vem,
Como as linhas férreas
Cicatrizando a terra; e passa,
Num adeus pela janela ao universo.
E nós, perenes,
Passamos sem saber dos longínquos Deuses do Olimpo,
Sem saber do distante Deus da nossa infância,
Sem escutar o tilintar das luzes no céu,
Sem ouvir as ocultas palavras do amor.
Escute,
Tua voz, e a minha, nos chama...

Já é tempo

Não négo as rugas no meu rosto
São marcas de vida vivida
Transpassada, sofrida
Não digo que já foi, porque ainda é ida...

Não é meio ainda, nem metade
É como ruas da cidade
A andar felicidade
Apesar do tempo, idade...

Qualquer jeito já é tempo
Se esvai devagar como esperança
Caindo dos bolsos na andança
Por este mundo torto, criança...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Plasma

Ah! Como eu amo esse fantasma
Essa forma súbita
Mesmo na dúvida
De ser apenas um plasma

Ah! Sonho de louco
De agarrar esta visão
De penetrar neste chão
De espaço tão pouco

Então o vento passa lento
E dilui o seu corpo
E com esse maldito sopro
Vai minha vida, permanece o tempo...

Um retrato

Eu falo da solidão de ver-te cansada
De um amparar-te impossível
Da mão a quase alcançar-te, invisível
Da ilusão a falar-te calada

Eu falo do teu olhar meio perdido
Do teu silêncio quase palavras
Dos teus seios, terras lavradas
Do meu amor quase escondido

Eu falo de ti como fosses minha
Do sonho de ti, abstrato
Da vida sem ti, um retrato da morte
Uma luz que se apaga sózinha

Bêbedo

Bêbedo
Mendicante dos cantos escuros
Dos viadutos perdidos
Na periferia dos sonhos

Bêbedo
Se sóbrio, é um farrapo em busca
Da água amarga que lhe saciará seu inferno
Se saciado, é depositário amargo
De uma entidade morta.

Bêbedo
Fotografia trágica dos escombros da vida
Confunde-se com a sarjeta
Onde os ratos comem
Confunde-se com a morte
Que se tornaram seus passos

Ponta de cigarro

Forma ígnea, estigma de mim
Vem de você, e queima
E teima em consumir meu coração
Até sobrar só o seu

Parece uma coluna sem fim
Transpassando o céu e o inferno
Buscando ser definitivo e eterno
Mas não passa de disforme esperança

E vai iludido abrasando mundos
Transformando em cinzas outros sonhos
Como uma inocente ponta de cigarro
Que destrói, sem saber, uma galáxia

domingo, 8 de agosto de 2010

Uma viagem

Uma viagem
Para descobrir o que é que tem no coração
De uma pessoa que não vem por esses trilhos
Que já não passam mais os trens mas eu insisto
Como se fosse um monge zen

As paisagens do meu mundo interior
Não me completam
Vou em busca dos seus olhos que roubaram
As cores dos meus sonhos que ficaram
Em uma estrada que não tem

E se eu tiver que viver
Assim tão longe de ter
Seus olhos no meu coração
Em uma velha foto vou ler
O que escrevi para você:
“Te amo para sempre, adeus".

O fim da história
Lugar tão escuro, estou perdido
Mesmo contra a minha vontade eu sobrevivo
No fundo o que adianta estar vivo
Se não lhe encontro em mais ninguém?

Jaz

Não sei mais como beijar
Não me lembro de como abraçar
Nem sei se sei amar
Já me esqueci dos seus olhos

Faz tempo que eu não falo de flores
Mais ainda que não sonho em cores
Não suspiro fundo por amores
Já me esqueci dos seus olhos

Tantos livros que não vou mais ler
Filmes que não vou ver
Filhos que não vou ter
Já me esqueci dos seus olhos

Músicas que não vou mais cantar
Tantas árvores que não vou plantar
Mares que não vou navegar
Já me esqueci dos seus olhos

Já me esqueci dos seus olhos
Já me esqueci dos seus
Já me esqueci
Jaz

Passou por mim

Ela passou por mim
Um sonho passou com ela
E num passo sem fim
Foram, ela e o sonho, além da janela

Parecia mais tarde que a tarde era
Era mais longe que a distância ia
E ela, como uma fera
Rasgava meu peito com a solidão que vinha

Fugia eu então por outras camas
Correndo vários por outros corpos
Fingindo amargamente alguns copos
Queimando eternamente às chamas dela

Que passou por mim, com um sonho...

Solidão

Solidão, que tolice tu fizeste
Deixou-me sem ermos
Levou-a antes mesmo de sermos
E nem mesmo a morte me deste

Ah! Que planeta sem termos
Girando eterno num universo vazio
Às vezes passa por mim nos sonhos que crio
E às vezes vai sem o vermos

Solidão, se é assim sem ela a existência
Deixa-me a esperança da loucura
Arranque meu coração, jogue-o na rua
Pois sem ela eu não sou, perco a essência

O que era flor

NÃO É SÓ A FALA DA PALAVRA QUE NÃO DIZ AMOR
É O CORAÇÃO QUE PALPITA A PALAVRA NÃO DITA
A ESPERANÇA QUE SE PENSA AINDA VIVA, E GRITA
SOB O RUFAR DE TAMBORES QUE ANUNCIAM DOR

O OLHAR QUE AGORA OLHA UM HORIZONTE SEM COR
È O MESMO QUE OLHOU UM SONHO DE TODA UMA VIDA
E A PAISAGEM QUE AGORA ENXERGA, DESTRUÍDA
TOMA-LHE A ALMA E A CALA, DESTRÓI O QUE ERA FLOR

ESTE AMOR NUNCA REALIZADO, PELO TEMPO
VIRA FANTASMA E ASSOMBRA O POUCO QUE RESTA
E A SOLIDÃO QUE SANGRA PEDE A ORQUESTRA
QUE TOQUE, POR MISERICÓRDIA, A CANÇÃO DO ESQUECIMENTO.

sábado, 7 de agosto de 2010

De súbito

De súbito:
Vazio de entes falecidos
Esquecidos desconhecidos
De tumbas putrefáticas e silenciosas
De súbito:
A inexorável vontade de vomitar
Os seres estranhos que me habitam
Dissecar-me
Matar em mim a ilusão de ser gente
De súbito
Onde andará aquela manhã errática
Que me provocou a vida?
(Vida?)
Saberá ela que meus sonhos
Morreram na ânsia da procura
De tanto procurar por ela?
De Súbito:
Nada
Apenas a esquizofrenia de quem ama
Não e sim sem que se definam
Apenas o súbito e vazio desejo de morrer
De súbito.

Era distante um outro caminho

Era distante um outro caminho
Fazia-se longe o pôr de um dia
Navegava-se a noite fria
Sonhando-se sozinho

Estava o reino em noite escura
Pensava-se no fim do mundo
Tinham as pessoas, no fundo
O medo mórbido da rua

Fazia-se triste o luar daquela terra
Sem namorados e segredos
Podia-se contar nos dedos
Os sorrisos que ainda tinha

Era distante um outro caminho
Estava próximo o fim da vida
Chorava-se a ilusão perdida
Morrendo-se sozinho...

Tudo você

Meus olhos vêem tudo
Querem tudo
Tudo você

Meus sonhos sonham tudo
Imaginam tudo
Imaginam você

Meu coração bate vários
Bate olhos
Bate sonhos
Até imagina que bate:
Mas só bate você!

Sorriam

Sorriam o universo morreu
Não se preocupem com os restos de vidas
Elas nada valem
Não se importem com as rosas
Elas não floresceram
Plantem, pois, do nada os seus sorrisos
Sorriam tolos, sorriam
Os vagalhões da eternidade chegaram mais cedo
Levando-nos para longe
Longe dos oásis dos desertos utópicos
Que pensamos um dia
Longe das realidades incriadas
Dos amores mais que falidos
Longe dos tolos sorrisos sem motivos
Sorriam, sorriam, somos os palhaços do fim
Sorriam, sorriam, somos o fim de todos os palhaços...

Sem lembranças

Oh! Imensa luz que as trevas anseia
Oh! Tristes ilusões de corações em guerra
És como o mar em eterna peleja com a terra
És como o fogo que o amor em mim incendeia

Oh! Escuridão de paixões em luto
Oh! Sonhos esquecidos no nada
És a solidão de um fim de estrada
És a felicidade que passa como um vulto

Oh! Inertes estátuas de esperanças
Oh! Tristes estrelas sem brilho
És um trem fantasma sem trilhos
És um mundo morto sem lembranças

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Olhos de jade

Eis, minh'alma, o fim
Vôo cego sem volta, e é tão tarde
As chamas queimam sem alarde
O nosso impossível sim

Despedaço todos os espelhos
Pedaços de mim se espalham pelo chão
Reflexos de um menino que em vão
Envelheceu seus sonhos sem vivê-los

Até um dia olhos de jade
Mesmo que seja nunca, amada
Vais em meu coração guardada
Como uma doce e terna saudade

Confuso

Descobri no sonho que sonhava
A solidez plácida do irreal
A intocabilidade me arranhava
Mesmo que ainda imaterial

Por mais que fosse insólito ou risível
Disformes seres plasmáticos pareciam cantar
À frente de uma orquestra quase invisível
A canção que eu fiz para você me amar

Penso que acordei
Ou ainda sonho que estou desperto
Mesmo confuso, uma coisa eu sei
Amo entrar no seu universo!

Eu, monstro

Este olhar que me vê um monstro nojento
E esta boca que me fala do nojo por mim
É o olhar que pensei ser meu por um momento
E a boca que sonhei beijar sem fim

Se para mim, agora, só resta teu escárnio
Ou pior: Tua indiferença
Desço do cadafalso para o exílio involuntário
Ainda não deixo que a morte me vença

Se bem que morto já estou
A caminhar pelo inferno da culpa e arrependimento
Sabendo tristemente o monstro que sou
E o vazio mundo que herdo em sofrimento

Então adeus minha esperança
Vou em busca do perdão
Em breve não serei nem mesmo lembrança
No teu ou em qualquer outro coração...